A Fábrica da OLIVA: um exemplo notável de reabilitação da arquitetura industrial, por André Silva

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Edifício administrativo da Fábrica OLIVA

Foto: Patrícia Marcos, 2013

Conhecida como a cidade do trabalho, São João da Madeira carateriza-se por ser um concelho com uma densidade industrial elevada. Entre as várias fábricas existentes destaca-se uma que marcou e educou a geração feminina portuguesa dos anos 50 e 60. Trata-se da Fábrica Oliva que produzia as máquinas de costura Oliva, as quais foram de tal modo famosas em Portugal que competiam com as principais concorrentes internacionais como a Singer, não havendo família portuguesa que não tivesse pelo menos uma máquina de costura da Oliva.

Decorria o ano de 1925 quando o industrial António de Oliveira fundou esta fábrica que era essencialmente vocacionada para a produção de artigos metalúrgicos. A inauguração da fábrica de máquinas de costura ocorreu em 1948 e desde então o complexo industrial da Oliva não parou de crescer, tendo-se construído edifícios modernistas ao gosto português da época e dos quais destacamos aquele que mais carateriza a fábrica pela sua visibilidade e pela altura da sua torre com um relógio, sobre a qual ostenta orgulhosamente as letras OLIVA. Este é o edifício administrativo e foi projetado pelo Gabinete ARS Arquitectos, o mesmo que projetou o Mercado do Bom Sucesso no Porto.

Até recentemente este complexo industrial encontrava-se num profundo estado de degradação. No entanto atualmente está a ser alvo de um amplo projeto de reabilitação com o objetivo de o adaptar a programas culturais e indústrias criativas. Partes importantes das suas instalações encontram-se já totalmente reabilitadas e num dos armazéns encontra-se aberta ao público uma exposição que contempla obras de arte contemporânea de uma das coleções privadas mais importantes em Portugal.

Vemos assim que o complexo industrial da Oliva, que outrora produziu as máquinas de costura que coseram as roupas dos portugueses, encontra-se agora novamente a servir para algo da maior utilidade para a nação: contribuir para elevar os níveis culturais de todos nós.

Bibliografia: FIGUEIREDO, Renato, “Organização e Propaganda” in “I Congresso Nacional da Oliva”, Porto, 1958; ALMEIDA, Ricardo, “Modelo Industrial de São João da Madeira: Valorização e Protecção de Edifícios Industriais em Risco”, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2004.

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