Festival de artes de rua de Palmela cancelado por falta de apoios

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O FIAR – festival internacional de artes de rua, que há 15 anos se realizava anualmente em Palmela, não vai acontecer este ano, anunciou a direção do evento em comunicado.

O festival ficou excluído dos apoios anuais da Direção-Geral das Artes, cujos resultados provisórios foram anunciados no passado dia 18, e também viram o apoio da câmara municipal reduzido: 10 mil euros para esta edição quando, anteriormente, tinha recebido 70 mil euros para dois anos.

“Estes cortes tornam inviável a manutenção de um festival com a chancela de qualidade que pautou estes nossos 15 anos de existência, durante os quais não apenas fizemos das ruas de Palmela um espaço de singular fruição artística como levámos frequentemente as nossas produções além fronteiras, e a todo o território nacional”, lê-se no comunicado do FIAR.

O FIAR relizava-se anualmente, em julho, no centro histórico de Palmela. Com o FIAR, escreveu o encenador Nuno Pino Custódio, no Facebook, a localidade de Palmela transformava-se, “artistas e espetadores de todo o mundo, juntamente com a população, abraçam-se e a vila dá um extraordinário passo em frente”. O “contacto humano nas ruas pelo centro histórico faz de cada pessoa um criador. Criador de encontros, de mesclas, de partilhas, de cruzamentos.”

O músico Jorge Salgueiro também deixou o seu testemunho napágina do festival, lembrando: “A chegada do FIAR, trazendo a melhor arte contemporânea que se vai fazendo por cá e pelo mundo foi, como não podia deixar de ser, surpreendente, polémico e dividiu opiniões. Mas fez pensar, fez refletir sobre arte, levou o público a espaços inusitados, trouxe o pensamento artístivo de charneira até ao mais pobre, mais iletrado, até ao mais simples dos simples. Juntou projetos artísticos locais amadores com artistas profissionais, juntou projetos comunitários com arte de charneira”.

O festival existia desde 1999, numa organização conjunta da Associação Cultural Fiar, a Câmara Municipal de Palmela e o teatro O Bando, e era dirigido por Dolores Matos, tendo tido no início direito a um apoio de 50 mil euros por ano no âmbito dos contratos plurianuais. Mas nos últimos anos já tinha havido problemas financeiros. A edição de 2006 foi cancelada devido à redução dos apoios e em 2012 o festival realizou-se com dificuldade porque já não teve apoio da DG-Artes. “Quando há dificuldades, as primeiras coisas em que se corta é na arte, na cultura e na educação. E isto tem de acabar, porque não podemos sobreviver num mundo sem cultura e sem educação, porque isso significa que não há futuro”, dizia na altura a diretora.

Fonte: DN

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