Cante Alentejano é Património Imaterial da Humanidade

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Cante Alentejano é Património Imaterial da Humanidade

Conheça os documentos que constituíram a candidatura do Cante Alentejano a Património Imaterial da Humanidade

http://www.unesco.org/culture/ich/index.php?pg=00748#table_cand

 

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Imagem:  Dossier de Candidatura do Cante Alentejano a Património Imaterial da Humanidade ( www.unesco.org)

 

(…) O Canto às Vozes é um canto colectivo, sem recurso a instrumentos, que incorpora música e poesia, associado geograficamente à Região Histórica do Baixo Alentejo. É um canto que se caracteriza por uma diafonia. É interpretado sem diferença de género ou de perfil demográfico e social. Nas primeiras décadas do século XX, partindo do movimento orfeónico nacional, estruturam-se os ranchos corais alentejanos, hoje encarados como legítimos representantes desta prática performativa, no campo formal e institucional. Muitas vezes associado às classes rurais, importa entender esta prática como produto de uma região onde a industrialização agrícola e de extracção mineira produziu classes trabalhadoras prato-industrializadas e industrializadas. Entendemos este pedido de inventariação do Canto às Vozes enquanto prática e não enquanto especificidade do movimento coral do Baixo Alentejo.

O Canto às Vozes, enquanto género, é uma prática musical e poética que se caracteriza por um canto em diafonia. É formado por um coro, sem instrumentos, de homens, de mulheres ou misto, ou ainda de crianças, misto ou não, que canta estruturas poéticas denominadas localmente por «modas». As «modas» são estruturas poéticas de diversa arquitectura que, no Canto às Vozes, são interpretadas de forma interpolada com quartetos oriundos da tradição ou da produção de poetas populares, assim como poesia mínima que circula popularmente. Esta lírica mínima é denominada por «versos», «letras» ou «cantigas». «Versos» e
«moda» são, pelos cantadores, denominados por «moda».O formato de interpretação possui um cânone: um solista inicia, denominado por «ponto», e canta um quarteto, a «cantiga»; quando este termina, um outro o substituí, denominado por «alto», que inicia a parte da «moda» propriamente dita, cantando um verso desta, após o qual todo o coro se lhe junta. A denominação antiga, e usual, era Canto às Vozes. Ao longo do século XX, foi sendo substituída por Cante Alentejano. A denominação Canto às Vozes surge de uma oposição a descante, ou descanto, que incluía todos os géneros coreográficos ou com instrumentos, em particular com acompanhamento de viola de arames, também denominada por viola «campaniça», que já assim é denominada na segunda década do século XX. Durante décadas foi alimentada uma diferença rítmica entre o Canto às Vozes entre a margem esquerda e direita do Guadiana. A dissertação em Ciências Musicais de Jorge Miguel Cecília Moniz (2007), comparando os repertórios de Cuba e Pias,veio mostrar a inexistência de diferenças.(…)

Fonte: Dossier de Candidatura do Cante Alentejano a Património Imaterial da Humanidade ( www.unesco.org)

 

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