Ofício tradicional dá origem a um novo projecto museológico

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O linguajar criado há mais de um século por pedreiros da freguesia de Santa Ovaia foi o mote para o projecto do Museu do Arguina.

“É uma tradição antiga, aqui da zona. Somos uma terra de canteiros e pedreiros e a designação de ‘arguina’, no fundo, corresponde a duas distinções: o pedreiro que aparelhava a pedra e edificava a obra e o canteiro que fazia os trabalhos mais finos e delicados, como os brazões, janelas”, esclarece o presidente da junta de Santa Ovaia, Licínio Neves.

Quem está de fora, pouco percebe, mas o padre António Borges, 76 anos, há 50 que aprendeu e hoje dedica-se ao ensino desta gíria. “Aprendi para não ser gozado, creio que esta linguagem surgiu para fugir ao entendimento do patrão e das pessoas que passavam”, explica.

“Tenho feito um esforço para não deixar perder esta linguagem. Já fiz folhetos de banda desenhada para ensinar às crianças”, diz com orgulho o sacerdote da paróquia de Santa Ovaia.

Fernando Gouveia de Sá, 87 anos, é o “arguina” mais antigo. Ainda se lembra de como era ser pedreiro? “Fui aos 14 anos a pé para a Covilhã. Ia também para Trás-os-Montes, fazer fontanários”, relembra, emocionado, ao mesmo tempo que interrompe a entrevista: “Tu atervas de verbos? [Tu percebes de verbos?] Chibau [Está certo, correto]”.

Esta iniciativa pretende preservar o “verbo dos arguinas”, característico da profissão do pedreiro.

Fonte: RR

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