Museu Gulbenkian investe 480 mil euros em artistas portugueses

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Um grupo de especialistas do Museu e externos à instituição contribuíram para a escolha das obras adquiridas pela Gulbenkian, no total de 480 mil euros, da autoria de artistas portugueses.

No comité têm assento a diretora e as curadoras da coleção moderna: Ana Vasconcelos, Rita Fabiana, Leonor Nazaré e Patrícia Rosas. De fora, a professora de História da Arte Raquel Henriques da Silva, o antigo curador da Gulbenkian Manuel Costa Cabral, o diretor do Centro Internacional de Artes José de Guimarães Nuno Faria e a professora Lúcia Almeida-Matos. “Queria ter um equilíbrio entre [arte] contemporânea e histórica, do norte e do sul”. É uma “decisão partilhada”, segundo Penelope Curtis, directora do Museu.

Vinda de Londres, e da Tate Modern, para unir as coleções do fundador e a moderna, Penelope Curtis considera que tudo parte de uma pergunta: “É uma coleção de gosto ou é uma coleção que representa o que está a acontecer?”.

“Estou a trabalhar de perto com a Ana Vasconcelos no preenchimento de lacunas. Queremos ampliar a História? É uma coleção maioritariamente portuguesa mas tem bolsas de outros países sobretudo britânicos nos anos 60 e 70, arménios, um pouco de franceses, africanos de Angola, Moçambique, e não do Brasil”, sintetiza. Apesar de essencialmente portuguesa, “todo o comité está interessado em ir para lá de Portugal”, refere. Um passo importante, diz, foi comprar três obras de Hugo Canoilas numa galeria pequena em Londres. “A Gulbenkian tem, tradicionalmente, comprado artistas portugueses a galerias portuguesas mas para mim era importante comprar em galerias estrangeiras porque isso significa que já estão fora de Portugal”.

Trata-se também de “captar um artista no momento certo, quando temos a certeza que ele terá algo a dizer, mas antes de se tornar tão internacional que não o podemos adquirir. Salomé Lamas pode ser um desses casos. Comprámos dois filmes dela, claramente está no caminho de uma carreira internacional”.

No preenchimento de lacunas está também uma futura representação do trabalho de Joana Vasconcelos, que não existe na Gulbenkian. “É claro para mim que temos de fazer alguma coisa com ela”, afirma. “Parece-me que é fundamental representar alguém que tem sido tão bem sucedido e reconhecidamente marcou a arte portuguesa fora do país”, afirma, dizendo que está a trabalhar no caso. “Requer um projeto de pesquisa para não ser superficial mas ter realmente um sentido”, justifica.

As novas aquisições:

Hidden Pages, Stolen Bodies (1996-2001), de António Ole.

› Três obras de Heim Semke doadas por Teresa Balté.

› Uma pintura-relevo de Maria Beatriz.

› Uma pintura de António Charrua.

› Uma escultura e oito trabalhos sobre papel, de Miguel Palma.

› Fotografia de Retratos dos Túmulos dos Reis de Portugal, de Eurico Lino do Vale.

› Vídeo Desvio e Consequência para uma Nova (R)evolução de José Carlos Teixeira.

› Instalação Matchbox: Portugal is not a Small Country de Manuel Botelho.

› Vídeo Ilhas Afortunadas (2016) e quatro desenhos, de Susana Gaudêncio.

› Um díptico fotográfico de Willie Doherty.

› Quatro guaches de Bernardo Marques da coleção Miniatura.

› Conversa (quadro geral e exemplo), de Álvaro Lapa.

› Step (1995), uma instalação nascida de um tapete oriental de Lúcia Nogueira.

› 25 fotografias, que se somam aos 29 trabalhos doados de António Sena da Silva.

› Três fotografias intervencionadas para Hugo Canoilas.

› Cinco vídeos de Maria Lusitano

› 2 vídeos de Salomé Lamas.

› 2 obras de Cecília Costa

› Quadro Estrutura, de 1972, e trabalhos sobre papel de Manuel Casimiro.

› 12 pinturas de Ricardo Cruz-Filipe.

Fonte: DN

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