O museu foi baptizado de José Monteiro em homenagem ao advogado fundanense que passou grande parte da vida em investigações arqueológicas no concelho e que reuniu um espólio importante e com grande significado.
O novo espaço cultural do Fundão reúne colecções de objectos do quotidiano pré e proto-históricos – da pré-História ao século V –, cuja componente epigráfica lhe confere uma singularidade inédita. Trata-se de conjuntos romanos e pré-romanos, machados e exemplares de peças com inscrições seculares.
Na prática, o museu alberga dezenas de peças arqueológicas que no passado estavam espalhadas por vários edifícios da cidade, algumas em péssimas condições, mas que agora podem ser apreciadas pelo público. O museu servirá também para albergar exposições temporárias e uma das primeiras será a dos objectos pessoais que o ex-primeiro-ministro António Guterres – natural do concelho – doou ao município. Aliás, o actual Alto Comissário das Nações Unidas Para os Refugiados foi convidado para a cerimónia de abertura, mas a sua agenda impediu que estivesse presente.
Salientando que o museu “é um dos que melhor retrata a vida dos lusitanos”, o director do espaço, João Rosa, adiantando que este é “um ponto de partida para visitas aos locais onde se percebe como tudo se passava na época”. “Queremos que o museu seja um espaço vivo, aberto a toda a comunidade”, adiantou. Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão, salientou, por seu turno, que um concelho só evolui “se preservar o seu passado” e “investir na cultura”.
Considerando que o museu é “um bom testemunho do repovoamento da Beira Interior”, Fernando Real, director do Instituto Português de Arqueologia, avançou com elogios: “Está bem apetrechado” e “a exposição permanente deste museu excede as expectativas”.
A secção do museu que mais público vai atrair é a da epigrafia funerária utilizada pelos lusitanos em locais relacionados com a morte e religião. São peças descobertas nas últimas décadas que técnicos da Câmara Municipal do Fundão recuperaram e preservaram. As diversas inscrições históricas estão bem conservadas e visíveis.
No espaço cultural podem ainda ver-se conjuntos cerâmicos romanos e pré-romanos, uma diversidade de machados, vasilhas onde eram guardados a água e azeite, mós e as marcas miliárias. São colunas sub-cilíndricas de pedra, com 1,50 de altura que indicavam as milhas (mil passos) de distância entre aldeias.
Outro tesouro que o Museu Arqueológico José Monteiro guarda é o exemplar de um tear da época dos romanos. Apesar de ter algumas semelhanças com os teares tradicionais que todos nós conhecemos, a verdade é que tem a particularidade de os fios serem esticados por pedras.
O museu foi inaugurado pelo presidente da Câmara do Fundão e contou com a presença do director do Instituto Português de Arqueologia, representante do IPPAR e outros agentes culturais da região. “É mais um motivo de interesse turístico para o nosso concelho”, disse o autarca.
PORMENORES
INVESTIMENTO: O Museu Arqueológico José Monteiro ocupa o Solar Falcão d’Elvas, na rua do Serrão, no centro histórico do Fundão. Trata-se de um investimento de 600 mil euros, financiado na íntegra pela Câmara Municipal, cujo espólio é composto por 400 peças.
OUTROS ESPAÇOS:Além do museu, o edifício alberga um pequeno auditório, uma sala para exposições temporárias, um laboratório de conservação e restauro e uma biblioteca técnica de arqueologia e história da arte.
INVESTIGADORES: Colaboraram na criação do museu investigadores portugueses (Jorge Alarcão, Pedro Carvalho, Raquel Vilaça e José Encarnação) e espanhóis (Socorro Plaza, Ángel Esparza, Jesus Liz e Manuel Salinas).
Fontes: Correio da Manhã (Luís Oliveira, Viseu) e Jornal de Notícias