Arquitectura: artigo de André Silva, hoje no Pporto.pt

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A Casa da Roda de Torre de Moncorvo
Patrícia Marcos, 2014

 

Casa da Roda de Torre de Moncorvo: Onde Foi Deixado o Recém-Nascido Constantino – O Rei dos Floristas

Decorria o final do século XVIII quando na vila transmontana de Torre de Moncorvo foi inaugurada a Casa da Roda, com o intuito de ali recolher as crianças acabadas de nascer, provenientes de mães que, por motivos vários, não tinham condições para assumir a sua maternidade.

Para isso as crianças eram ali deixadas num pequeno vão da parede por onde, através de um engenhoso mecanismo giratório, se introduzia a criança no interior da casa sem que do interior houvesse contato visual para quem do exterior deixava o recém-nascido, garantindo-se assim o anonimato da proveniência da criança.

Foi nestas circunstâncias que foi deixado o recém-nascido Constantino que desde novo revelara um dom artístico para o arranjo de flores, cuja qualidade lhe valeria o reconhecimento das próprias famílias reais europeias. Primeiramente pela Rainha de França Dona Maria Amélia que, encantada com o seu trabalho, o nomeou fornecedor da Casa Real. Seguiram-se encomendas de outras famílias reais e prémios de exposições universais.

Os seus arranjos florais tornaram-se moda em Paris nos meados do século XIX. E as pessoas mais elegantes usavam as suas flores para se embelezarem. Era corrente verem-se as camélias de Constantino nas botoeiras das lapelas, rosas nos decotes, flores-de-lis no ombro ou grinaldas na cabeça. A qualidade do seu trabalho era tal que não era possível distinguir-se nos seus arranjos as flores naturais das artificiais e todo este sucesso valera-lhe pela imprensa francesa o título de “Rei dos Floristas”.

Hoje a Casa da Roda de Torre de Moncorvo ainda existe e foi recentemente recuperada e transformada num núcleo museológico a partir de onde se pretende dar a conhecer o funcionamento desta instituição que, concebida para dar assistência aos mais necessitados, albergou durante alguns dias um recém-nascido que viria a ser rei – o Rei dos Floristas.

 

 

Bibliografia: BILÓ, Júlia de Barros, “Constantino, Rei dos Floristas: Uma Quási-Biografia”, Magno Edições, Leiria, 2003. <http://portocanal.sapo.pt/noticia/24027/> [2014/0928].

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