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Morreu o poeta Helberto Hélder

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poeta Herberto Hélder, nascido em 1930 no Funchal, morreu esta segunda-feira, em Cascais.

O autor de “Vocação animal” (1971), “A cabeça entre as mãos” (1982), “A faca não corta o fogo” (2008) e “Servidões” (2013), era considerado unanimemente o maior poeta português da segunda metade do século XX. A crítica literária situa a sua linguagem poética, que no início dos anos de 1960 navegava em imagens surrealistas, nas proximidades do universo da alquimia, da mística e da mitologia edipiana. O seu mais recente livro de poemas, editado em Portugal no ano passado, quando tinha 83 anos, é “A morte sem mestre”.

Nascido Herberto Hélder de Oliveira, tinha ascendência judaica. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, mas, sem concluir o curso, mudou para a Faculdade de Letras onde frequentou Filologia Romântica, que também não chegou a terminar. Trabalhou depois em Lisboa como jornalista, bibliotecário, tradutor, angariador de publicidade e chegou a apresentar programas de rádio. Nas suas várias viagens, sobretudo pela Europa, teve vários empregos diferenciados e sem qualquer relação com a literatura. Na década de 70 trabalhou em Angola e foi redator da revista “Notícia”, em Luanda.

Considerado dos mais respeitados e originais poetas da língua portuguesa, organizava a sua vida longe da luz mediática da literatura e das vendas dos livros, assumindo a misantropia e recusando dar entrevistas e mesmo receber prémios – em 1994 venceu o Prémio Pessoa, mas declinou a honra (“Não digam a ninguém, deem o prémio a outro”, disse na altura ao júri do prémio criado em 1987 pelo semanário Expresso e pela CGD) e não quis também receber o valor pecuniário do galardão. Os seus livros, que habitualmente têm apenas uma edição limitada, estão frequentemente esgotados – “Vocação animal” (1971) e “Cobra” (1977), por exemplo, estão há muito fora do circuito de edição, ou então atingem preços exorbitantes, como é já o caso do seu derradeiro livro “A morte sem mestre”.

A sua escrita começou por se situar na orla do surrealismo e, sem perder essa marca, apurou as técnicas de assalto à sensibilização do leitor e de uma estética em que a frase convive muitas vezes com o confronto entre a destruição e a edificação, criando para si um estilo muito particular de poeta de exorcismos e de figura mística que assombra o quotidiano.

Fonte: JN

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