Mosteiro da Batalha. Monumento nacional, património mundial | um artigo da autoria de Rogério Monteiro

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Mosteiro da Batalha

monumento nacional, património mundial

Passadas mais de três décadas de classificação mundial pela Unesco, o Mosteiro da Batalha é um dos monumentos nacionais mais visitado, juntando-se, desde maio, à lista de monumentos com o estatuto de panteão nacional. Neste breve artigo, ficamos a conhecer “uma gestão de compromisso com o futuro”, resultante de uma conferência realizada na Universidade de Coimbra.

Por Rogério Monteiro*

 

O Mosteiro da Batalha é Património Mundial da Humanidade desde 1983, constituindo-se no segundo monumento nacional mais visitado no ranking dos 23 do mesmo segmento, elencados pela Direção Geral do Património Cultural, a seguir ao Mosteiro dos Jerónimos. O diretor do Mosteiro da Batalha, Joaquim Ruivo, avança com dados de 2015: cerca de 330 000 visitantes (75% estrangeiros e 25% portuguesas).  Como ultrapassar o constrangimento de não virem mais visitantes nacionais ao Mosteiro, que gestão sustentável adotar e que estratégias implementar?

Os portugueses têm, hoje, “défice de fruição cultural”, nota Joaquim Ruivo, portanto “a aposta é na renovação geracional”, ou seja, priorizar o serviço educativo e chamar as escolas, lançando mão de medidas de didático-pedagógicas, atividades e encenações diversas que ofereçam narrativas desses tesouros e levem as gerações vindouras a entrar e apreciar a oferta patrimonial.O país é, economicamente, pobre, mas com uma riqueza patrimonial ímpar.

Sustentavelmente, o Mosteiro não excede a capacidade de carga, não pondo em causa a sua conservação. É, todavia, “necessário diminuir os valores de ruído e de vibração”, que decorrem do intenso tráfego da rodovia que passa por perto, “e mitigar os efeitos das chuvas ácidas”, refere o diretor. A sustentabilidade passa também pela integração da comunidade local; tarefa difícil, atesta, sustentada no conceito de cultura patrimonial centralizada na DGPC, em Lisboa. A época alta é de julho a setembro, recebendo a visita de espanhóis, franceses, ingleses, italianos, holandeses, japoneses, alemães, brasileiros e outros sul-americanos, vindo, a maioria, integrada em circuitos turísticos. Uma vez que a cidade não tem oferta de camas suficiente, dirigem-se para as cidades envolventes. Falta ainda merchandising, apesar de a loja do Mosteiro oferecer e possibilitar levar o monumento com eles.

As linhas orientadoras viram-se para a promoção do Mosteiro da Batalha, em benefício do estatuto de Património Mundial, mas, simultaneamente, sujeitas a uma obrigação perante o Estado português. Sucintamente, o diretor norteou o seu programa em cinco grandes linhas estratégicas: “política de gestão de captação de mais visitantes; preservar, conservar e requalificar; dinamizar regularmente um programa cultural de qualidade; organizar, com o serviço educativo, atividades criativas e pedagógicas emocionantes e vinculativas dos jovens; consolidar a relação com a comunidade; e promover a investigação em rede internacionalmente”. A comunicação passa pela divulgação e promoção de eventos nas redes sociais, na imprensa e por mailing segmentado de utentes. O diretor considera vetores essenciais a responsabilidade, a autenticidade e o prazer pelo monumento.

*Rogério Monteiro, mestrando do curso de Mestrado em Turismo, Territórios e Patrimónios, na Universidade de Coimbra. Licenciado em Estudos Portugueses e pós-graduado em Ensino de Português como Língua estrangeira. Experiência profissional em países como Timor-Leste, RAE de Macau, França e República Checa. Viajante apaixonado, leitor e investigador

**Fotografia: José Júlio Amarante/imagenscomtexto

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