Restauro da Igreja de Santa Clara recebe visitas guiadas a partir do início do próximo ano

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Igreja Santa Clara, Porto

No início de 2020, a Direcção Regional de Cultura do Norte vai abrir as portas da Igreja de Santa Clara, uma jóia do barroco, no Porto, a visitas guiadas. Quem se inscrever vai ter o privilégio de acompanhar de perto um minucioso trabalho de restauro que envolve, actualmente, mais de duas dezenas de pessoas, e perceber, muito de perto, a diferença entre o estado em que a talha se encontrava e o brilho que lhe começa, paulatinamente, a ser devolvido. No final do próximo ano, a obra de reabilitação estará concluída, devolvendo à cidade, e a quem a visita, um “tesouro escondido”. Onde não faltam inesperadas aparições.

Já se sabia que a Igreja de Santa Clara, escondida de quem passa na rua, ali junto à muralha Fernandina, escondia, por detrás da opulência do barroco joanino, outras camadas de intervenção que davam um aspecto mais austero a esta igreja de génese gótica. O que não sabia, e se descobriu graças ao acaso de um carpinteiro ter retirado, do friso de um altar lateral, mais madeira dourada do que lhe fora pedido, para análise, é que havia todo um programa decorativo prévio, e muito bem conservado. Sobre os vários arcos, anjos coloridos reapareceram, com a obra em curso, pintados sobre madeira, unida, ela própria, de uma forma pouco vista, com tiras de chumbo pregadas, sobre as quais as pinturas se sobrepõem também.

A descoberta, incrível, traz um novo desafio para a equipa da DRCN, que ainda está a decidir o que fazer. Provavelmente, a maior parte destes elementos voltará a ficar escondido sob a madeira dourada do período “áureo” deste templo, mas um ou outro altar lateral mostrará estas figuras anteriores, para que quem visita o espaço perceba, também, as sucessivas intervenções de que foi alvo antes de uma fase longa, sem investimento, que a deixaram à mercê de insectos xilófagos, como as térmitas, que se empanturraram de madeira, desfigurando estatuária e pondo em risco a própria estrutura interior do templo.

(…)

Fonte: Público

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