Faculdade de Arquitetura contesta propostas para nova ponte no Douro

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A Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) contestou esta segunda-feira as “propostas gravosas” apresentadas para a nova ponte de metro sobre o Douro, citando “questões de defesa da paisagem e salvaguarda patrimonial”.

“Com o conhecimento das propostas apresentadas a concurso e a ‘Decisão de Seleção’ confirmaram-se as expectativas mais negativas. As determinantes impostas no Concurso traduziram-se em propostas gravosas e penalizadoras para a paisagem e contexto urbano, dado o traçado, cota e perfil que impõem à nova ponte”, adianta aquela estrutura numa nota partilhada na sua página da internet.

Uma semana depois de terem sido conhecidos os três projetos finalistas para a nova ponte que irá ligar Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia, à Casa da Música, no Porto, a FAUP indica que, tal como a Reitoria da Universidade do Porto, não foi contactada pela Metro do Porto e que “apenas no momento do lançamento do Concurso tomaram conhecimento do traçado e demais termos de referência de desenho da intervenção”.

“Entendendo que estes eram altamente questionáveis e fatalmente determinariam soluções projetuais que desqualificam urbanisticamente o Pólo universitário do Campo Alegre, manifestaram-se junto da administração da Metro do Porto, contestando-os. Foi nesse momento apenas garantido à FAUP que a ponte não poderia passar sobre o terreno da Quinta da Póvoa”, assinala.

Contudo, conhecidos os projetos finalistas, “confirmaram-se as expectativas mais negativas”, considera aquela unidade que “integra não só um conjunto de 18 obras de Álvaro Siza propostas pelo Governo Português para a Lista Indicativa do Património Mundial, como é atualmente objeto de um processo de Classificação como Monumento Nacional”.

É, por isso, defendida “uma Zona Especial de Proteção que salvaguarde as relações do edifício com a envolvente”.

De acordo com a nota, o tabuleiro apresentado nos projetos “aterra a nascente da Quinta da Póvoa, passando sobre a via panorâmica resvés entre a Casa de Agustina Bessa Luís e a Casa Cor de Rosa, rompendo com a escala do lugar e unidade paisagística”.

A ponte “cai na vertical” da faculdade, “cortando área significativa do terreno da Quinta da Póvoa junto à Casa Cor de Rosa, condição que a administração da Metro do Porto havia garantido que não poderia acontecer”, e o túnel de saída do metro “atravessa o terreno a nascente da FAUP, impedindo a realização prevista para a expansão” dos seus edifícios, acrescenta o documento.

São ainda levantadas questões de segurança no acesso a algumas áreas.

Reconhecendo que a nova ligação entre a Casa da Música e Santo Ovídio é “imprescindível para a zona do Campo Alegre, e muito em especial para o Polo Universitário da Universidade do Porto” naquela zona, “a FAUP considera incompreensível a total desconsideração pela Universidade e, muito concretamente, pela condição urbana do Polo do Campo Alegre”.

“Este espaço, que se estende do CDUP (Estádio Universitário) à Faculdade de Letras e inclui o Jardim Botânico, Faculdade de Ciências, Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Teatro do Campo Alegre, Planetário, Cantina, Residências e Círculo Universitário, carece duma intervenção unificadora que, amortecendo o impacto da estrutura viária que o espartilha (e que a proposta apresentada pelo Metro vem agravar), possibilite a criação de percursos pedonais e ciclovias entre as diferentes Faculdades. Com o reforço da valiosa mancha verde que o caracteriza, este lugar universitário poderia assumir a condição de polo-jardim, aberto à cidade, aos seus cidadãos e não apenas aos utentes”, advoga a Faculdade de Arquitetura.

Aquele estabelecimento de ensino superior lamenta ainda que “um número muito significativo de soluções apresentadas a concurso, que enveredaram por traçados e cotas alternativas menos lesivas relativamente às características paisagísticas e urbanas preexistentes, tenham sido liminarmente eliminadas”.

Fonte: JN

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