Grupo de trabalho vai ser criado para dar “novo fôlego” a Rede Portuguesa de Museus

276

logo_ministerio_cultura

A secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, revelou na segunda-feira, em Lisboa, que vai ser criado até ao final do ano um grupo de trabalho para “dar novo fôlego” e estratégia à Rede Portuguesa de Museus (RPM).

A governante falava à agência Lusa no intervalo do encontro da RPM, que decorreu durante a tarde no Centro Cultural de Belém (CCB), com a presença de mais de metade dos representantes dos seus 165 membros.

Desde a criação, em 2000, a RPM – organismo oficial certificador da qualidade e funcionamento dos espaços museológicos no país – tem vindo a promover a partilha de conhecimento, serviços, recursos e boas práticas nesta área.

Atualmente, reúne museus e palácios, incluindo os nacionais, os tutelados pelas delegações da cultura dos Açores e da Madeira, da administração local e central, de empresas públicas, privados, de fundações, da Igreja Católica e das Misericórdias.

“É o momento de criar um novo fôlego” para a RPM, sublinhou Isabel Cordeiro, acrescentando que o objetivo é dar-lhe “um papel mais ativo em contexto local, regional ou nacional no que é a qualificação do tecido museológico” do país.

Nesse sentido, “vai ser criado um grupo de trabalho até ao final do ano para começar a trabalhar ativamente e auscultar todos os intervenientes”, nomeadamente os 165 museus membros da rede, e também com a secção portuguesa do Conselho Internacional de Museus, a Associação Portuguesa de Museologia (APOM), e o Conselho Geral de Museus, Palácios e Monumentos.

(…)

Alguns dos participantes lamentaram a “paralisia” da RPM na última década e a necessidade de uma maior descentralização de trabalho e recursos, bem como o aumento da participação democrática dos seus membros, da valorização e qualificação da realidade museológica do país, como defendeu José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão, no distrito de Faro.

Aquele responsável congratulou-se pelo “reencontro muito aguardado” pelos profissionais do setor, no sentido de “retomar o diálogo mais intenso e criar metodologias mais democráticas e horizontais de comunicação e cooperação da comunidade museológica nacional”.

Gameiro recordou que o panorama museológico português “mudou muito nos últimos 22 anos, pois antes não existiam as redes locais e regionais que hoje existem”, nomeadamente a Rede de Museus do Douro, a Rede de Museus do Algarve ou a Rede de Museus do Médio Tejo.

Como propostas para o futuro da RPM, sugeriu a criação de um conselho consultivo ou conselhos regionais, enquanto Clara Camacho, técnica da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que há 22 anos foi uma das responsáveis pela criação da estrutura que gerou a RPM, disse ser “necessária a criação de um novo paradigma”.

Clara Camacho recomendou o lançamento de um inquérito aos museus para “conhecer o estado atual e as suas reais necessidades, depois de uma crise financeira e da pandemia”.

Outro orador convidado, Manuel Pizarro, historiador de arte e curador, apontou que “na última década, foi visível o abrandamento da atividade da RPM, uma estrutura pouco flexível, com ação de escassos efeitos e diminuto acesso aos financiamentos” para os seus membros.

O atual diretor executivo do Museu Judaico Tikva, projeto em curso para nascer em Lisboa, recordou, no entanto, o “papel histórico e pioneiro” desta rede, “cuja implementação cabal nunca aconteceu”, devido, nomeadamente “ao seu papel muito mais administrativo, em vez de agente transformador”.

Também sugeriu que o futuro desta estrutura nacional deve passar por processos participativos dos seus membros e a concretização de núcleos de apoio aos museus do país.

Fonte: LUSA

Siga-nos