Estado negoceia compra de obras do BPN para o Museu do Chiado

1672

 

A Secretaria de Estado da Cultura (SEC) não quis, no ano passado, comprar nenhuma das 85 obras de Joan Miró (1893-1983) do Banco Português de Negócios (BPN) mas prepara-se agora para adquirir algumas pinturas de artistas portugueses contemporâneos que também lhe pertenciam para o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.

Ao que o PÚBLICO apurou, o negócio está a ser feito pela Direcção-Geral do Património Cultural e deverá ficar concluído nas próximas semanas. Na posse da Parvalorem e da Parups, empresas criadas para abater a dívida do BPN, estão, além da colecção Miró, 247 obras de arte avaliadas em 3,6 milhões de euros. Nesta colecção estão representados artistas como Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Batarda, Helena Almeida, Maria Helena Vieira da Silva, René Bertholo, Paula Rego, Pedro Cabrita Reis, Noronha da Costa e Nadir Afonso.

Francisco Nogueira Leite, presidente da Parvalorem e da Parups,já tinha revelado no ano passado, logo a seguir ao polémico anúncio de venda das 85 obras de Joan Miró, que as restantes obras de arte herdadas do BPN também seriam vendidas. À intenção anunciada seguiu-se um exaustivo processo de inventariação, armazenagem e avaliação. Um ano depois, as empresas têm condições para passar à venda da colecção. Desta vez, ao contrário do que aconteceu com a colecção Miró, as obras não vão ser vendidas de uma assentada nem serão postas no mercado num leilão internacional.

“A ocorrer algum leilão com estas obras será sempre em Portugal para motivar que se mantenham no país”, diz ao PÚBLICO Nogueira Leite, explicando que como neste caso se tratam de obras de artistas maioritariamente nacionais o objectivo é “estudar a possibilidade de alguma entidade pública e/ou institucional poder dispor de uma verba igual ao valor da sua avaliação e integrar as obras nos seus activos”.

Em causa estão 247 obras, das quais 175 avaliadas em 2,6 milhões de euros estão na posse da Parups, e as restantes, 72 no valor de um milhão de euros, pertencem à Parvalorem. À semelhança, aliás, do que acontece com as obras de Miró, também elas divididas pelas duas empresas criadas pelo Ministério das Finanças para recuperar os créditos do BPN.

Neste conjunto, estão 120 artistas representados de 14 nacionalidades, de Espanha (como Antoni Tápies ou Miquel Barceló) aos Estados Unidos (John Baldessari ou Lawrence Weiner), de Angola (António Olaio) à Escócia (Douglas Gordon), até à Alemanha (Günther Förg ou Peter Zimmermann) e ao Irão (Shirin Neshat). A maioria das peças, no entanto, são de artistas portugueses – são 155 no total.

Fonte: Público

Artigo completo

Siga-nos