A pintura do século XVI “Santiago e Doadora”, pertencente ao círculo do artista espanhol Juan de Borgoña, foi adquirida pelo Estado para a coleção do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa.
De acordo com comunicado do MNAA, a pintura, executada a têmpera e óleo sobre madeira de pinho, que acaba de ser exposta no museu, foi adquirida por 20 mil euros, através da Direção-Geral do Património Cultural, ao colecionador português Alexandre Volta e Sousa.
Na obra, “o santo é mostrado como peregrino, descalço, com um vestido vermelho, sobre o qual enverga uma comprida capa verde de gola roxa, à maneira dos romeiros a Compostela”.
“Nas mãos de Santiago está um livro, símbolo da sua condição de evangelizador da Península Ibérica”, descreve o museu.
O MNAA refere que a obra não era desconhecida da historiografia portuguesa, porque, em 1954, o historiador de arte Luis Reis-Santos conheceu-a através de uma fotografia a preto e branco, obtida quando a obra foi vendida, nesse ano, pelo antiquário Wildenstein, tendo anotado a sua atribuição ao designado Mestre da Lourinhã, um pintor flamengo ativo em Portugal nas décadas de 1510 e 1520.
Entretanto, a pintura foi comprada por um colecionador sul-americano e esteve exposta no Museo de Bellas-Artes de Caracas, na Venezuela.
Em 2009, num leilão da Christie’s, no Rockefeller Center de Nova Iorque, a pintura voltou à venda ainda sob a atribuição ao Mestre da Lourinhã, tendo sido, nessa altura, adquirida pelo colecionador português Alexandre Volta e Sousa.
Em 2010, a pintura foi mostrada no MNAA, na exposição “Primitivos Portugueses 1450-1550. O Século de Nuno Gonçalves”.
Os especialistas vieram depois a concluir que a obra se afasta completamente dos usos da pintura portuguesa da época e aproxima-se da pintura espanhola, nomeadamente do seu foco de Toledo da primeira metade do século XVI, onde o mestre mais ativo foi Juan de Borgoña, responsável pela decoração de grande parte da catedral de cidade espanhola, onde manteve uma oficina com outros artistas.
Fonte: DN