Livro sobre relação médico-doente desafia UNESCO a considerá-la Património Cultural Imaterial da Humanidade

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Livro Relação Médico-Doente, Ordem dos Médicos

O livro “A relação médico-doente: Um contributo da Ordem dos Médicos” foi lançado na segunda-feira, com um momento musical e depoimentos sobre a obra, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Composto por 81 testemunhos e reflexões sobre a valorização e preservação da relação e dimensão humana da medicina, o objetivo do livro, publicado pela editora By The Book, é “elevar esta relação milenar” a Património Cultural Imaterial da Humanidade, da UNESCO.

“É antiga, com tradição firme, em constante transformação, mas renovada e sempre permanente”. É assim que o sociólogo António Barreto descreve a relação entre médico e doente, afirmando não haver equivalente, apesar de reconhecer outros intervenientes na área da saúde. Por considerar que está propensa à dependência do doente pelo médico, o orador afirma que a desigualdade entre médico e doente deve ser evitada, promovendo a “autonomia, liberdade de escolha e decisão informada do doente”. Neste contexto, relembra ainda o juramento de Hipócrates, o mais antigo do mundo – com mais de 2500 anos –, que compromete estes especialistas a “tratar todos da mesma maneira”.

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Para além disso, o objetivo do livro também é desafiar UNESCO a “dar este passo de valorizar as relações humanas” ao reconhecer a interação médico-doente como património. Para isso, Portugal está a abordar outros países para assinarem o documento, por forma a facilitarem o processo de aprovação, já que o bastonário considera não haver um “apoio do Estado, que está a desvalorizar a questão”. Por fim, Miguel Guimarães comenta que as tecnologias podem ser aliadas, mas não devem ocupar o espaço dos médicos: “devem ser integradas a nosso favor e nunca contra nós” pois a relação médico-doente é “o último reduto”.

Fonte: Jornal Médico

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