Restauro de escultura causa controvérsia em Espanha

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A Associação de Conservadores e Restauradores de Espanha (ACRE) vai pôr uma ação judicial contra os responsáveis pela “desgraçada intervenção” sobre uma imagem em madeira policromada do século XVI, em Estella, na região de Navarra.

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As cores uniformes aplicadas sobre a madeira, em particular sobre o rosto de São Jorge, causaram a indignação entre a população, um eco que chegou à imprensa internacional, com o jornal “The New York Times” a perguntar se se tratava da estátua de São Jorge ou do herói de banda desenhada da série Tintin, de Hergé.

O jornal britânico “The Telegraph” recordou, por seu turno, o mau resultado de uma intervenção feita, em 2013, sobre o fresco “Ecce Homo”, numa igreja em Borja, na província de Saragoça, na comunidade vizinha de Aragão.

A denúncia da intervenção em Estella, chegou à ACRE através de um ateliê profissional de restauro de Pamplona, que, por sua vez, encontrou as primeiras imagens, em partilhas nas redes sociais, com origem nos próprios responsáveis pelo restauro.

Trata-se de “um caso muito sério”, porque este tipo de obras de arte são “uma herança, um património que pertence a todos e a todos compete a sua proteção”, disse Carrera à Efe.

“A sua destruição a todos devia horrorizar”, enfatizou.

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O Governo Autónomo de Navarra, por seu turno, está a investigar a autoria e circunstâncias que levaram ao restauro da peça, segundo disse à Efe o diretor do Serviço de Património, Carlos Martínez Álava, assegurando que não houve conhecimento prévio da ação, como é obrigatório.

“Todas as ações sobre bens que se encontram referenciados no Registro Cultural y de Patrimonio de Navarra’, têm de apresentar um projeto prévio e temos de dar o respetivo visto”, disse, negando que tenha sido o caso em Estella.

O responsável do Governo de Pamplona disse que a escultura em madeira policromada, tardogótica, se encontrava no exterior da igreja, e que “poderia indicar uma certa falta de limpeza”, mas tem “a impressão de que a atuação foi um tanto excessiva”.

Apesar dos danos sofridos, o responsável considerou que a escultura “pode ser recuperável, mas o processo é dispendioso e levará mais tempo do que poderia ter sido uma intervenção profissional”, estando a ser investigado o alcance dos danos sobre a imagem de São Jorge.

Fonte: JN

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