Destroços de possível navio holandês do século XVII encontrados na lagoa de Melides

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DGPC

Destroços de uma embarcação, possivelmente um navio holandês do século XVII, foram encontrados na sexta-feira na lagoa de Melides, em Grândola, e recolhidos para análise e identificação, revelou a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

De acordo com a DGPC, as fortes chuvadas ocorridas no início deste mês de fevereiro deixaram expostos, “durante um breve período”, os destroços de uma embarcação que se suspeita ser o Schoonhoven, um navio holandês que, “segundo registos históricos, naufragou ao largo de Melides a 23 de janeiro de 1626”. No local, foi feito um registo tridimensional do destroço e colhida “uma amostra duma tábua de forro exterior da embarcação”, que será estudada para validar a hipótese.

A investigação incluirá uma análise aos anéis de crescimento da madeira (dendrocronologia) dos destroços encontrados, o que permitirá saber “a data de abate da árvore que deu origem à tábua, a sua espécie, ou ainda o tipo de clima onde cresceu”.

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A investigação história realizada no âmbito do “Um Mergulho na História” permitiu identificar documentação no Arquivo Histórico Ultramarino e nos Arquivos Holandeses que regista a partida do Schoonhoven, o seu naufrágio em Melides e as “diligências desenvolvidas por instituições locais no sentido de arrecadar os salvados arrojados à costa”.

Segundo estes documentos, o navio partiu da ilha de Texel, nos Países Baixos, a 20 de dezembro de 1625. O navio, um jacht de 400 toneladas construído em 1619 pertencia à Verenigde Oost-Indische Compagnie (Companhia Holandesa das Índias Orientais), realizava a terceira viagem em direção à Ásia. O percurso foi interrompido no início de 1626 “pelo seu naufrágio na costa de Portugal”. Segundo a DGPC, “o navio terá sido arrojado contra a costa, ou tentado abrigar-se em Melides numa última manobra desesperada”.

O naufrágio, provocado pelo mau tempo, foi descrito por Agostinho Dias, “que assistia  em Melides à fábrica das madeiras de pinho para as naus da Índia”, em carta ao Vedor da Fazenda. O homem deu conta na mesma missiva da morte da maior parte da tripulação que levava e notou ainda que na nau se “levavam onze âncoras e que eram muito boas para naus suas que lá estavam e para tiros e dezasseis peças [de artilharia], duas de corso e as mais de defesa”.

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Fonte: Observador

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