“Excentricidade”: programação regular em Guimarães

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Cinco freguesias da periferia de Guimarães têm, desde Outubro, uma programação cultural regular, fruto de um programa da autarquia que quer aplicar nestas localidades uma estratégia semelhante àquela que fez da cidade Capital Europeia da Cultura em 2012. Com o programa Excentricidade, a oferta de espectáculos no concelho deixou de estar concentrada apenas na zona urbana e no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), alargando-se a outros pontos do território, tentando cativar público para os espectáculos e criar interesse na população pela criação artística.

O Excentricidade foi lançado pela Câmara de Guimarães em Outubro, mas é no próximo ano que vai tornar-se mais evidente a sua presença nas cinco freguesias, que agora passaram a ter programação regular nas áreas do teatro, dança, cinema e música. As vilas de Moreira de Cónegos, Caldas das Taipas, Ronfe e S. Torcato e a união de freguesias de Briteiros foram as localidades escolhidas, obedecendo a uma lógica de cobertura territorial dos mais de 200 quilómetros quadrados do concelho.

Além disso, foi necessário encontrar espaços que oferecessem as condições técnicas mínimas para acolher a programação cultural. Durante o próximo ano, o projecto vai fazer obras de melhoramento das condições de cada um destes espaços. Um dos objectivos desta iniciativa é dotar cada localidade de capacidade para que as salas possam funcionar de forma autónoma e acolherem o trabalho e a apresentação de projectos artísticos locais fora dos dias de espectáculos regulares.

O vereador da Cultura da Câmara de Guimarães, José Bastos, acredita que a estratégia cultural na cidade está num grau de “maturidade” que lhe permite pensar num alargamento para outras áreas que não apenas a cidade. O Excentricidade é pensado à imagem do que foram as primeiras iniciativas de dinamização da programação cultural na área urbana cidade, desde a última década do século passado, que levaram à criação do CCVF, em 2005, e ao título de Capital Europeia da Cultura, que Guimarães ostentou em 2012.

Aquele responsável autárquico explica que a intenção é replicar nas freguesias um modelo que “funcionou muito bem na cidade”, com a vantagem de haver já “experiência adquirida” que pode permitir ter resultados positivos “mais rapidamente”. Por isso, a programação que tem sido apresentada nas cinco freguesias da periferia do concelho “não é de segundo plano”, sublinha.

Nos primeiros meses do Excentricidade, passaram pelos palcos vimaranenses o espectáculo American Way, pelo Jangada Teatro,Memórias Partilhadas, co-produção do Teatro do Montemuro e do Teatro Nacional D. Maria II, ou o espectáculo musical As canções do cinema americano, pelo Hollywood Trio, um colectivo jazz que junta António Ferro, João Santos e Francisco Seabra. “Algumas das propostas caberiam facilmente no CCVF”, acredita o vereador José Bastos. De resto, outro dos eixos do projecto que será desenvolvido ao longo de 2016 passa pela circulação de programação entre o centro cultural e as periferias, permitindo que um espectáculo que se apresente num dia na cidade possa estar, no dia seguinte, num dos outros locais de Guimarães.

O Excentricidade foi pensado de forma a permitir uma circulação de públicos. Ou seja, os espectáculos apresentados numa determinada freguesia não serão apresentados em nenhuma das outras, de forma a convencer a população a deslocar-se, não ficando remetida apenas à oferta das suas próprias localidades. Este programa da Câmara de Guimarães tem um orçamento anual de 100 mil euros. A entrada em todos os espectáculos são pagas (com o custo de 1 euro), uma vez que a autarquia entende que é “importante criar o hábito de pagar pela cultura”.

Fonte: Público

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